Durante a vida cada um debate-se contra os seus fantasmas. Eles aparecem, eles criam-se entre nos, são nossos ou de uma comunidade, são duradouros ou passageiros, são pessoas, mitos, adversários ou inimigos… De todos estes e dada a actualidade, poderia mesmo referir-me neste texto ao meu “Fantasma Actual”. Ele é Aníbal Cavaco Silva ao qual prefiro metaforizar com termos como “ignorância” ou “memoria curta” de um povo.
E isto porque meus amigos? Porque este texto não é para agradar, não é para convencer, não é para animar utópicos de esquerda, nada disso… Eu tenho a plena consciência de que já nada à a fazer para que este fantasma não se materialize por 10 penosos anos… Iria sentir-me inútil se estivesse a convencer alguém de que o candidato de direita é uma má opção, de facto é, mas penso que a dinâmica de campanha vencedora está neste momento na mesma fase imparável que levou Sócrates ao poder… A máquina avança, eu aceito-a, é uma eleição democrática mas não me revejo nessa mesma opção democrática e desta forma encarem o texto como um grito “Não era isto que eu queria para o nosso Portugal!”.
O Dr. Cavaco Silva, sim “Dr.” e se cometo alguma grave falta de respeito perante “esse enorme Messias salvador” cometo-a baseada no facto de também Louça ser professor e ninguém o tratar dessa forma, tratamentos iguais por favor… Não iguais aos de Alberto João Jardim que tratou o “baluarte da ignorância portuguesa” por senhor Silva… Bem está perdoado à boa maneira hipócrita portuguesa, qual bolo rei entalado em gargantas deste país!
Mas o que importa nesta eleição são factos, os sentimentos deixemos para os poetas. Não sou poeta, aliás poetas serão sempre poetas, grandes homens de letras, apenas, por vezes sonhadores. Perguntem ao vento que passa o que ele acha de Alegre em Belém? Talvez ele nada vos diga, já o poema (grande poema por sinal) de Manuel Alegre, num tom que agora nos parece profético advinha este silencio que nas urnas se poderá perpetuar até Alegre perceber que cometeu um erro estratégico e histórico ao dividir ainda mais a esquerda e entregar a Cavaco a vitória.
Eis os tão prometidos factos! Imaginem um novo mundo, um novo Portugal, o Portugal que Cavaco promete dos infantários aos lares dets país… Não conseguem imaginar grandes mudanças? Eu consigo, preconizo esse mundo cheio de policias de choque de bastões lustrosos por pontes, escolas, manifestações, enfim tudo o que pensar é reeducado desculpem!! Tudo o que não entender o que o “Messias” quer é reeducado! Até porque pensar todos podemos pensar, desde que pensemos como ele evidentemente! Gostaria de estar a exagerar, não estou… Cavaco Silva enquanto Primeiro-ministro puniu severamente aqueles que não concordavam com ele, não existiam debates, Cavaco não falava aos jornalistas, Cavaco não negociava com sindicatos porque Cavaco queria fazer o que queria sem dar “cavaco” a ninguém. Cavaco queria, podia e mandava. Na opinião dele mandava bem porque nunca se enganava e raramente tinha duvidas. De facto não as teve na crise de Setúbal onde empresas fecharam, as pessoas passaram fome e o bispo de Setúbal veio a terreiro avisar o país para a situação alarmante e precária das populações. Cavaco não teve duvidas, as pessoas passaram fome mas a economia seguiu o seu caminho… Cavaco não teve duvidas quando protestou com a entrada de Portugal na União Europeia, Cavaco não teve dúvidas em dar “emprego aos amigos” e transformar o estado numa empresa pesada de mais, nascia o monstro… Cavaco não terá duvidas em alinhar contra Sócrates nas medidas de esquerda que este irá tomar. Cavaco não terá duvidas em fazer chegar ao poder um governo de direita. E o leitor? Ficou agora com duvidas?