terça-feira, dezembro 19, 2006, posted by Pedro Carvalho at 10:43 da tarde

Feitos castelos densos,
Como que escurecendo o adeus solar,
Assim se prolongam até ser noite,
Nevoeiro e sombras entre a alma,
Salgada mas calma,
Estendida sem terminar.

Somos a corrente que suaviza o horizonte.
Levando para longe o indistinto traiçoeiro,
Vento gélido caminhante perpétuo,
Por cada sol que se vai inteiro.

De longe contemplamos quem somos,
Terra, céu e mar,
Pequenos fantasmas turvam um horizonte,
Mas nós sabemos porquê atravessar.

Navegamos a nossa alma salgada,
Conhecendo as correntes passadas que fomos.
Tocando o céu que nos cabe,
Só com a areia dócil que somos.

De areia feito o corpo,
Remexido pela alma em ondulação,
Beijar o céu é coisa certa,
Porque ficamos. As nuvens não.


Pedro Carvalho 18/12/06
 
sábado, dezembro 16, 2006, posted by Pedro Carvalho at 2:06 da tarde
Sinto-me tão longe, distante…
Tão longe como quem se abeira de ti,
Tão longe como um pensamento feito desejo,
Como um desejo feito vontade,
Como vontade feito ilusão.
Como uma ilusão, de tão longe, perto...

Afasto-me e fico mais perto.
Coração enleado, enredado, enfeitiçado,
Doce ilusão recordar-me de ti.
Saudade não te ter aqui,
Querer-te. Aqui.

Minha alma quer o que lhe foge,
Quer o longínquo, quer o que não toca,
Quer o que sente e o que a faz sentir.
Meus olhos querem. Como sempre.
Querem-te sempre. Querem-te aqui.

Todo eu em uníssono,
Vontade imensa que se não razão,
Paixão então certamente,
Coisa rara, sedutora, emergente,
Que ficamos os dois na minha mente,
Encobertos mas presentes, quentes.


Pedro Carvalho 16/12/06
 
, posted by Pedro Carvalho at 1:25 da tarde
"Quem não recorda o passado, está condenado a repeti-lo."

Jorge Santayana


Quase a fazer um ano de existência, muitos motivos para este blog fazer muitos mais...
 
sexta-feira, dezembro 15, 2006, posted by Ricardo Mesquita at 3:04 da tarde
Certo dia, como em tantos outros, as coisas não me corriam bem. Pelo meio de tanto de problema lá soltei a típica frase: “Só me calham duques e cenas tristes”. O dia continuou, até porque por muito mal que as coisas corram os ponteiros do relógio não param. No final da tarde compreendi que, apesar de todas as vicissitudes, tudo se tinha resolvido.
À noite havia póquer para descomprimir. E no jogo, como na vida, também só me calharam duques e uma sena triste. E então? Então ganhei. É que um póquer será sempre um póquer, nem que sejam só duques e uma sena triste.
 
quinta-feira, dezembro 14, 2006, posted by Ricardo Mesquita at 7:57 da tarde
 
, posted by Ricardo Mesquita at 7:56 da tarde
Hoje estou num daqueles dias que me apetecia recomeçar tudo de novo. Certamente todos já pensaram nisso. Como tudo seria diferente se pudéssemos começar do zero, sabendo o que actualmente sabemos, até pelo simples facto de já conhecermos os números do euromilhões.
Mas como é óbvio, não era propriamente a isso que me referia. Referia-me sim, aqueles gestos ou actos bastante simples mas que posteriormente se revelam extremamente importantes. Por exemplo, bastaria uma cruz num quadrado ao lado, um olhar distinto ou uma palavra no momento certo para tudo ser diferente. Seria melhor? Pior? Jamais saberei, mas seria certamente diferente.
Não é que me arrependa do caminho que segui, pois ainda que tortuoso foi graças a ele que me tornei no sujeito de mau feitio que tanto gosto de ser. Simplesmente hoje apetece-me pensar como seriam as coisas se tivesse dito a tal palavra no tal momento, se tivesse feito o tal olhar, se tivesse dito a tal palavra no tal momento ou se tivesse colocado a cruz no tal quadrado.
Seria Diferente…
Ricardo Mesquita
2/12/06
 
quarta-feira, dezembro 13, 2006, posted by Ricardo Mesquita at 6:51 da tarde
O meu último post neste blog remonta ao já distante dia 23 de Setembro. Volto a postar 81 dias depois, sem poder prometer a regularidade que desejava. Mas relativamente à minha ausência muito se passou ainda que não possa dizer que as coisas estejam diferentes.
É certo que durante a ausência embarquei na estranha aventura do ensino superior na Universidade Internacional da Figueira da Foz, dando início a um novo ciclo e encerrando (parcialmente) um ciclo demasiado longo. É também durante a ausência que, sem dar conhecimento prévio a ninguém (porque apesar de eu não acreditar em bruxas elas andam aí), fui novamente a exame de condução, saindo desta vez de Leiria com o precioso papel na carteira. E foi também durante a ausência que passei acordado (e molhado) a trágica noite de 25 de Novembro.
De qualquer forma, durante a ausência continuei a alimentar os meus sonhos. Durante a ausência continuei a estar no scó fim-de-semana após de fim-de-semana. Durante a ausência continuei a viver intensamente cada episódio de LOST. Durante a ausência continuei nas reuniões, deslocações e actividades da JS. Durante a ausência continuei a fumar impulsivamente. Durante a ausência continuei a beber… bem na verdade nem por isso, mas tenho pena.
Mas na generalidade, durante a ausência continuei a fazer o que sempre fiz: a pensar, a questionar, a criticar, a gozar, a alcançar, a escrever… a viver!
E hoje, 81 dias depois, estou de volta, sabendo que nunca estive ausente…
 
terça-feira, dezembro 12, 2006, posted by Pedro Carvalho at 6:39 da tarde
Tu entregas-me um caminho,
Ou eu te entreguei o meu,
Como duas aves migrando,
Voando no alto desse monte distante.
Como sempre acreditando no horizonte,
Desembrulhando o mundo com ternura.

Nos tesouros tem o mundo uma prenda guardada,
Esse teu coração que se esconde entre as nuvens.
Nas imprecisões dos meus sonhos onde te vejo,
Subo qualquer céu azul para te alcançar.

Em cada noite que passa,
Entre os suspiros da Deusa da Lua,
Me apareces e me escapas levemente,
Acendendo cada estrela que corre no céu,
Em desenhos, mais que brilhos a sorrir.

Lanço a caneta ao céu morno de cetim,
E vejo-a dançar na liberdade que emana.
Nessa liberdade que me deixa feliz,
Uma alquimia iluminada ao luar.


Pedro Carvalho 12/12/06
 
sexta-feira, dezembro 08, 2006, posted by Pedro Carvalho at 1:47 da tarde
Olhava a janela como tantas vezes faço. Perdão, olhava para o lado de lá da janela. Eu sei, eu sei… Tanta e tanta gente diz ver o mundo e saber ciências ou até conhecer homens e ideias só por olhar para a janela. Não sabem nada de facto, e o choque será maior quando um dia abrirem a janela e olharem realmente para o mundo, não aquela imagem que se vê na janela mas toda a urbanização humana do lado de lá do vidro.
Não, desenganem-se todos os que se já começam a sentir ofendidos. Na verdade isto acontece com muita gente. Eu próprio já me pensei olhando o mundo quando na verdade nada mais que uma janela eu estava a ver. Descobri às apalpadelas que existia saída daquele cubículo e que eu devia querer de lá sair porque lá dentro não sentia as gentes e o futuro. Sentia-me bem no engano de olhar pela janela. Os Fantasmas do Passado, penso que todos eles, nascem duma situação de cubículo delicioso transformado em armadilha silenciosa aquando da nossa percepção que assim não conhecemos o nosso redor. De todos os cubículos por onde estive preso alguns foram mais ilusórios que outros, mais duradouros, mais empolgantes e por isso mais “labirínticos” de sair. Caímos em prisões que se querem perpetuas, o melhor da vida são as fugas.
Hoje sou absolutamente livre de aprisionamentos? Não sei. O aprisionamento caracteriza-se por funcionar enquanto nós não dermos por sua contingência. No entanto hoje abri uma janela para ver de mais perto um arco-íris. Se me esticasse a tocar-lhe saberia que ele me iria fugir. Nunca hei de escorregar num arco-íris, maldita ilusão óptica ou lei da gravidade! No momento em que abri a janela deixei de ver o arco-íris. Algo no vidro provocava uma sensação errada de felicidade. Seria óbvio voltar a fechar-me no cubículo enfeitiçado mas eu não o fiz. O mundo verdadeiro tem vento, molha, faz barulho, tem gente má, e boa também, e acidentes, e notícias, e decisões, e erros, e enganos, e todos os dias acabam muitas coisas e começam algumas. O mundo verdadeiro é medonho se quiserem, mas eu fiquei o olhar o céu desconfortável, olhando fixamente para o lugar do céu onde o arco-íris era ornamento ainda à tão poucos minutos atrás.
Gosto da Verdade. Ela não é melhor ou pior porque para além da Verdade pouco mais existe com que se possa comparar a mesma Verdade. Então, entre a Verdade enegrecida pelas altas expectativas depositadas graças a uma ilusão traiçoeira, e viver para sempre nessa ilusão eu acredito que o melhor da vida são as fugas.
 
, posted by Pedro Carvalho at 12:24 da manhã
Entre uma guerrá já longa, andava um soldado desordenado.
A grande relíquia procurada estava num quartel perfeitamente seguro e inacessível. A paz fácil era um ataque, que seria bem conseguido, pela retaguarda.
Não sei o que ele decidiu e à conta de indecisões à guerras que não acabam.
 
terça-feira, dezembro 05, 2006, posted by Pedro Carvalho at 8:02 da tarde
Às coisas que se passam sem precisar de existir...
 
sexta-feira, dezembro 01, 2006, posted by Pedro Carvalho at 5:46 da tarde
Escrevo o nexo e o lógico,
Neste confuso psicológico,
O grito latente,
Num silêncio dormente,
Rasgo a angústia presente,
Sempre entre o frio e o quente,
De erros e conquistas,
A cada fado seus fadistas,
No meu escrevo eu,
E não me atirem ao breu,
Que eu fico e assim respondo,
O meu mundo não tem dono,
Viajante na irresponsável liberdade,
E que nem me prenda qualquer saudade.
E se um dia passei pelo vago,
Essas memórias hoje trago,
Bebo do cantil viajante,
As forças de seguir doravante.


Pedro Carvalho 01/12/06
 
, posted by Pedro Carvalho at 1:37 da manhã
Escrevo quase sem sentido. Gosto. Mas preocupa-me ao de leve.
Toda a minha semana foi aterefada, mergulhada em compromissos vários, mas a ocupação nunca antes me tinha retirado a serpente da escrita que tantas vezes sentia em mim. Esta semana não escrevi. Nem para mim, nem para vós, nem para outrem. Poderei estar mesmo a cair numa inércia perigosa e prejudicial, mas caio de forma consciente, de forma preguiçosa, entre a tranquilidade feliz e a pausa que pode ser funesta. Escrevo uma espécie de explicação a mim mesmo do que é estar sem escrever uma semana. Não sei o porquê, e sei-o bem. É como algo que me diz que não à tema, que está interrompida qualquer ligação entre o presente e todo o futuro ou passado. Gosto de mim. Gosto mais de estar assim até. Só não gostava de perder esta serpenete enrolada à alma que é a necessidade de escrever. Então, não prometo o mesmo, não prometo as mesmas falas, as mesmas histórias, as mesmas visões, compreensões, destinos, ou futuros. Prometo não deixar de escrever. Nem que isso custe um "escrever diferente".
Gosto. Como que um comando das forças beligerantes em fim de combate, comando vitorioso mas num mar de destruição. Ganhei. Mas tudo está diferente e a calmaria mórbida de uma guerra existe quase que por desfecho natural. Então, lamento a calmaria, mas ela não deixa de ser o melhor dos resultados (ou o menos mal de todos eles).
Preocupa-me ao de leve. Preocupa-me estar neste silêncio de sentimentos, passando alheio pelas batalhas às quais me tanto entreguei (as batalhas justas, pois claro). Eu nunca vou esquecer tais guerras. Não quero medalhas. Arrecadado está tudo, agora o silêncio óbvio, o tal silêncio menos mal que tinha de existir. É o fim. Mas é o fim do que é mau, a guerra. Alívio supremo este fim!
Tudo fez sentido, então faz sentido agora pois claro.
Na calmaria deste fim, esconde-se um homem, agora tranquilo, esperando novas convocatórias, feliz e por isso tão quieto, mas com a promessa de não esquecer a arte do melhor estremecer.
Fiquem bem