Dado o tema deste blog, os nossos fantasmas, resolvi hoje escrever sobre algo que é um fantasma colectivo. Os jovens e o futuro. Na verdade estava sem ideias, falei com amigos da minha idade e cá esta o “fantasma colectivo”! É bom que me exprima não só em relação aos meus fantasmas mas também aos fantasmas daqueles que aqui vem ler alguns textos.
Na minha opinião vivemos uma época onde se explora “ate ao tutano” tudo o que o país tem de menos bom, isso contribui para uma visão, errada e extremamente pessimista do futuro. Factos aos quais os jovens são extremamente sensíveis como o emprego, as perspectivas de futuro, as condições de vida daqui a vinte anos, o ambiente, a pobreza no mundo e outros contribuem para um sentimento de angustia e descrédito generalizado no país, que afinal, nem é assim tão mau em compararão com tantos outros. Se sou um optimista? Não. Se acredito em Portugal? Penso sinceramente que vivemos numa conjuntura desfavorável e numa crise de confiança difícil de ultrapassar que nos arrasta para um certo sebastianismo (como no caso das eleições onde alguns acreditam existir salvadores da pátria).
Mas Portugal não são só coisas más… Ao nível das organizações de eventos estamos no TOP TEN, nas infra-estruturas somos bastante desiguais, não só no facto de existirem hospitais a cair e estádios a brilhar como também nas diferenças litoral interior, no entanto, há neste aspecto uma ressalva a fazer, vamos ter TGV e Ota, o que me parece uma abertura ao futuro. Temos um ensino de qualidade, no que diz respeito ao ensino superior, sim é certo que existem aí universidades de valor duvidoso, mas também existem escolas de valor reconhecido que preparam jovens para carreiras promissoras, nacionais ou internacionais. Se o teu futuro não passa pelos estudos, bem aí as coisas tornam-se mais complicadas para ti porque com o 12º ano iras ser operário numa empresa pronta a viajar para leste ou iras ser o empregado modelo e o orgulho de qualquer supermercado durante longos anos… Para começar até não está mal mas queres viver continuadamente numa carreira com pouca progressão? Pois é reflexos do capitalismo de hoje em dia que dificultam o nosso futuro…
Tens mais duas soluções de futuro, sim apenas duas, ser artista ou empresário porque isto de viver à custa do subsídio de desemprego vai acabar antes de te fazeres um preguiçoso…
Para o caso de seres empresário será impossível vaticinar um futuro ate porque depende do grau de investimento, da capacidade de inovar, dos ciclos económicos, enfim de especificidades económicas várias que são difíceis de avaliar. De uma coisa podes ter a certeza, o empresário “agarrado” aos subsídios nunca será competitivo num mundo cada vez mais globalizado, tens de ser criativo, trabalhador pelo teu próprio sonho e negócio.
Se tens habilidade e sensibilidade artística poderá acontecer-te o mesmo que acontece no sector da investigação, ou seja, falta de apoios algo que só será ultrapassado com umas idas ao estrangeiro ou com algum norte-americano excêntrico que te queira promover, uma espécie de mecenato, pouco em voga no século XXI.
No caso da música, a pirataria vai dar cabo de ti, coisa que acontece em qualquer parte do mundo, e neste país de povo “tipicamente português” coloca nos concerto meia dúzia de raparigas atractivas e cobra dez mil euros nos concertos de Agosto.
Por fim podes ser funcionário público, é uma boa opção, pelo menos se não te queres preocupar com a instabilidade e os despedimentos, mas acreditas mesmo que o Estado vai durar muito?
Até lá confia em Portugal, confia em ti e fica bem!