Tenho 18 anos. Sempre gostei de futebol, lembro-me dos anos 90 de Manchester, lembro-me da Juve de Paulo Sousa, lembro-me do Barça de Ronaldo e mais dez grandes jogadores, sou do tempo dos galáticos de Madrid (ainda com Hierro), vi uma das melhores seleções brasileiras de sempre (a actual), lembro-me do jogos como a final Manchester United-Bayern Munique ou Real-Madrid-Borussia de Dortmund, no meio de tantas outras coisas como é natural.
No meio de tudo isto, duas coisas entristecem-me. Nunca ter visto o Maradona em directo (coisas da idade... ele acabou la para 92 talvez), e a hegemonia do dinheiro sobre o amor à camisola. Sou sportinguista, como quase todos devem saber, e acreditem, fiquei feliz por ver o Rui Costa de regresso ao Benfica rejeitando os petrodólares do Quatar. Hoje todos nós temos de ser profissionais, mas será que Ballack, Essien ou Crespo, não eram já muito bem pagos? O Chelsea e as suas "mafiosas libras", hoje vingam sobre tudo, deixou de existir os jogadores-símbolo, até mesmo Gerrard, Henry, Nedved ou outros estão em risco de o deixarem de ser. Certamente estarão surpreendidos por não ter colocado neste lote ninguem do Real de Madrid, mas a razão é que no Real já não existe espírito ou mística há muito tempo. Mas mais surpreendidos ficaram ao não ver na mesma lista o mítico Shev. Pois, parece que Shev vai sair deste lote de jogadores-símbolos, defenição que tendo em conta o seu historial de dedicação ao Milan lhe assentava que nem uma luva.
«Saio por motivos familiares. Agradeço à societá por tudo que me deu. Não se trata de um problema de relações entre nós nem uma questão económica», avançou o ucraniano.
Já o dirigente denunciou que Shevchenko deverá representar o Chelsea nas próximas temporadas. «É a vitória da língua inglesa sobre a italiana. Tentei convencê-lo a ficar até um minuto antes de virmos para esta conferência de imprensa. É certamente a separação mais dolorosa desde que cheguei ao Milan. Agora iniciaremos a negociação com o Chelsea e não será simples», afirmou.O futebol perde o choque de orgulhos, os jogadores-símbolos, o amor à camisola. O futebol perde a paixão. A paixão já se vende por milhões, até nos "Teatros dos Sonhos". O futebol perde, e perde-se com tudo isto. Mas vêm aí o Mundial, o único momento, de quatro em quatro anos, em que os jogadores sentem a camisola, isto se não se cair nas naturalizações exacerbadas.
Fiquem bem