Lisboa, 21 de Janeiro de 2007
Companheiro,
Amigos, leitores e personagens
Hoje chegou o dia de vos dizer o porquê de achar que tudo o que aqui vos conto já passou, e me deixou. À um ano atrás, começava um projecto arrojado, corajoso, levado necessariamente de forma ardilosa. Na verdade, teríamos tudo para nos cobrirmos de vergonha se todo ele ruísse como ruíram todas as batalhas que nos levaram a fundar tal projecto. Como em outros textos afirmo e para sempre o não modifico: “Não me arrependo de nada que aqui escrevi”.
Nunca em circunstancia alguma, iria trair as traves mestras, do que acredito ser o posicionamento correcto de um homem na, e para a vida. Ninguém me desvalorizou por qualquer palavra proferida neste espaço. Chego até a pensar que tive momentos em que fui temido. Prefiro não acreditar nisso. Aos amigos, e leitores, deve-se as opiniões partilhadas ou contraditórias à minha, que sempre mostraram, mudando quem sou e tornando-me bem mais vencedor a cada discussão que perdi. Das que ganhei, não me vou lembrar hoje.
Prometo-te Companheiro, não sou mais o mesmo que era, quando nos fizemos à estrada. Cabe a ti e a todos os nossos, entender que valeu a pena. Valerá. Sempre!
De todas as lutas, nenhuma foi abraçada sem paixão. Hoje a “Lista S” é uma memória a reter, o fantasma inaugural Presidente da República, o desamor a maior vitória, as festas, um constante dizer: “presente”. Sinto-me um vencedor, com tamanhas voltas que o Destino me deu, e as tremendas reviravoltas que este espaço lhe concedeu.
Despeço-me com o “Poema dos Mais Além”. Hoje sei que teria assim de terminar. Talvez o soubesse desde sempre. Mas se hoje me despeço, também vos prometo ser certo que: “Porque ficamos. As nuvens não.”.
Não voltarei a ser colaborador neste espaço. Abdico assim da posição ocupada, mas nunca da vontade de voltar a ler-te, aqui, sempre que possa.Continua a obra até perceberes que esses se largaram da tua alma. Sempre foi essa a missão. Não me esqueci. Não me esquecerei. Estarei aqui sempre que for preciso, pondo o dedo na ferida, como sabes, como sabem, como sempre.Não escreverei mais sobre os “Mais Além”, mas manter todo o património interpessoal e ético que eles nos deixam será a missão de todos os que deles fazem parte, e lhe dão o coração.
Nem uma palavra aos “outros”.
Que esta saída nada finde, lançando novos desafios e eternizando as vitórias.Este foi o primeiro passo. O mais importante. Eu irei continuar noutras bandas.
Mando-te esse teu “Aquele abraço” e mantêm-te sempre orgulhosamente o que és.
Seguiremos em frente
Pedro Carvalho