Os Fantasmas… Há quanto tempo não iniciava algo com este sossego. Os Fantasmas…
São pedaços de coisas, talvez de nós já, mas não mais. Apenas pedaços de difícil compreensão, afinal as coisas nasceram para estar em unidade, quem fracciona é o Homem. O contentamento faz mal a estas coisas do “sobrenatural real”, por isso a sabedoria de se contentar com pedaços é mais que útil, é prova de humildade. Mas eu não quero pedaços das coisas para me contentar, gosto de as perceber, ir em busca dos porquês, estar além, não ficar pela crítica ou incompreensão, própria não dos que se acham felizes nem dos que se acham demasiados distantes destas coisas, própria sim de todos aqueles que não vão á procura, nem conseguem, desvalorizam até, convencendo-se que isso não é importante. Um exemplo será a cobardia, que sendo um fantasma, inibe o próprio cobarde a perceber e ir à procura do que é ser cobarde. Tornando-se assim um cobarde ignorante.
Estes pedaços, que há medida que passa o tempo, e a que velocidade passa o tempo, me vou apercebendo, ser desgosto de muitos, dias de mal disposição para outros, e por fim, e mais importante que tudo, rasgos de criatividade, desde artística a introspectiva, para alguns, nos quais me incluo, embora longe da genialidade, essa nunca estará ao meu alcance. De facto, raros os que encaram os pedaços assim, seria tão mais fácil despreza-los, não pensar sobre eles, não ser consciente, até porque não só é mais cómodo, como mais fácil.
Depois existem alguns, que se encontram “Mais além”, que criam analogias em que revêem e percebem os porquês de tanta coisa, ficando sempre tanta mais coisa por perceber. Como seria terrível para os inconscientes, ganharem consciência. A consciência certamente pesar-lhes-ia.
Depois existem aqueles que se encontram “Mais além” que defendem uma ideia custe o que custar, acreditam, mexem-se, empenham-se, e são crucificados. E como é tão mais fácil ser “amigo” de toda a gente num sorriso ilusório…
Depois existem aqueles que estão “Mais além” e que preferem uma vitória moral, a uma derrota falaciosa, sempre se mantêm as cadeiras na mesma, não vá haver incómodos.
Depois existem aqueles, os “Mais além”, chamam-lhes utópicos, excelente forma protagonizada pelos medíocres para semear o mesmo trigo, ano após ano, afinal é deste que todos comem. Os “Mais além” passam pela fome da esperança, aquela que não é relevante porque nunca acontece como se quer, pelo menos aos “Mais além”.
Razões? É simples, os “Mais além” sonham e estão sempre em diáspora pelo novo, pelo melhor, pelo progresso e pela felicidade em si mesmos, os “Outros”, bem esses nunca chegaram mais além, e mesmo onde estão não procuram nada, limitam-se a por os paus na estrada dos que vão mais além na diáspora do novo, melhor, do ainda mais além. Os “Outros” têm medo do que vem ali ao fundo. Os “Mais além” vêm de mais. Os “Mais além” nunca se conformaram, e poucas vezes desistiram, os “Mais além” disseram sempre as verdades, custem o que custarem, dando a cara, os “Mais além” acreditam em três só coisas: chegar mais à frente, ser honrado e ter orgulho.
Esta é a história dos “Mais além”.
Perdoem-me o texto algo sectário, entendam apenas como algo que defendo, e acima de tudo, algo de que me orgulho fazer parte, ser o suficientemente “Mais além” para escrever sobre isto, sem o fazer por necessidade de todas as noites dormir bem, como tantos “Outros” não fazem/não dormem. Faço-o por gosto.
Fiquem bem, e perdoe-me igualmente quem não concordar com o gesto decente, um abraço para ti, o meu amigo e colega “Orgulhosamente Ricardo Mesquita” a quem muito especialmente dedico “A história dos Mais além”.