Que dia... Que dia fantástico... Dias destes há poucos. Chove a cântaros, não raros os raios que percorrem o céu rasgando-o, eu em casa, e os Fantasmas por aí.
É nestes dias que eles mais passeiam entra as poças de água, as da rua, não as nossas, deixam a sua sombra e a sua impressão nas caras tristes da cidade ou no silêncio dos campos encharcados. Amanhã tudo volta ao normal. Espreitará o sol, as pessoas voltarão a sonhar com o Verão e no campo a frescura faz rebentar com mais força o pasto e as esperanças do gado.
Afinal de contas os Fantasmas são os ciclos da nossa vida, e como em tudo, há sempre Verão e Inverno, Fantasmas e Fantasmas, e uns chegam a nós como as figuras de um ciclo, os outros fintam a nossa atenção e perdem-se na memória tão ocupada por tantas outras coisas.
Acho que nos dias de chuva, os "Mais Além" refletem e soltam-se, ou soltam-nos, a eles Fantasmas, enfim, talvez por vezes seja dificil a distinção entre o que somos e o que nos preenche tantas e tantas vezes, por esses Invernos fora.
Hoje fiquei com pena de viver ocupado. Que dia para estar com eles...
Estou sem tempo para eles. Que pena. Estão sem tempo para mim. Perfeito.
Amanhã estará sol, nasce um novo ciclo, e eles vão-se embora, gostam mais das tristezas invernosas da nossa vida para nos acompanhar. Amanhã, a menina do boletim meteorológico, menina ingénua e infantil, um doce de menina certamente, vai ingénuamente dizer que vai estar sol.
E no meio daquele sorriso, irei eu sorrir, eu por outras razões. Pela simples razão de ir fazer sol, ri a linda menina, ri este país ávido de férias, e riu-me eu de acabar um ciclo na cidade, no campo e nos meus Fantasmas.
Fiquem bem