sexta-feira, dezembro 01, 2006, posted by Pedro Carvalho at 1:37 da manhã
Escrevo quase sem sentido. Gosto. Mas preocupa-me ao de leve.
Toda a minha semana foi aterefada, mergulhada em compromissos vários, mas a ocupação nunca antes me tinha retirado a serpente da escrita que tantas vezes sentia em mim. Esta semana não escrevi. Nem para mim, nem para vós, nem para outrem. Poderei estar mesmo a cair numa inércia perigosa e prejudicial, mas caio de forma consciente, de forma preguiçosa, entre a tranquilidade feliz e a pausa que pode ser funesta. Escrevo uma espécie de explicação a mim mesmo do que é estar sem escrever uma semana. Não sei o porquê, e sei-o bem. É como algo que me diz que não à tema, que está interrompida qualquer ligação entre o presente e todo o futuro ou passado. Gosto de mim. Gosto mais de estar assim até. Só não gostava de perder esta serpenete enrolada à alma que é a necessidade de escrever. Então, não prometo o mesmo, não prometo as mesmas falas, as mesmas histórias, as mesmas visões, compreensões, destinos, ou futuros. Prometo não deixar de escrever. Nem que isso custe um "escrever diferente".
Gosto. Como que um comando das forças beligerantes em fim de combate, comando vitorioso mas num mar de destruição. Ganhei. Mas tudo está diferente e a calmaria mórbida de uma guerra existe quase que por desfecho natural. Então, lamento a calmaria, mas ela não deixa de ser o melhor dos resultados (ou o menos mal de todos eles).
Preocupa-me ao de leve. Preocupa-me estar neste silêncio de sentimentos, passando alheio pelas batalhas às quais me tanto entreguei (as batalhas justas, pois claro). Eu nunca vou esquecer tais guerras. Não quero medalhas. Arrecadado está tudo, agora o silêncio óbvio, o tal silêncio menos mal que tinha de existir. É o fim. Mas é o fim do que é mau, a guerra. Alívio supremo este fim!
Tudo fez sentido, então faz sentido agora pois claro.
Na calmaria deste fim, esconde-se um homem, agora tranquilo, esperando novas convocatórias, feliz e por isso tão quieto, mas com a promessa de não esquecer a arte do melhor estremecer.
Fiquem bem
 
1 Comments:


At sexta-feira, dezembro 01, 2006 2:05:00 da tarde, Anonymous Anónimo

por momentos asustei-me mas axo muito bem que nao deixes de escrever...