sexta-feira, setembro 15, 2006, posted by Pedro Carvalho at 7:07 da tarde
Percorro os caminhos a que me dei.
As escolhas, o partir e o chegar,
As lições, as histórias, os projectos.

Vou-me embora daqui.

Vou-me embora de ti,
Saco esponjoso de infância, desenho distorcido,
Tapete colorido sentado à chinês, bibe em cabide.

Vou-me embora de ti,
Sábados de almoços feitos,
Mão dada até ao jornal, as Velhotas que me ficaram…

Vou-me embora de ti,
Lápis de cor, desfile de Carnaval,
Bicho da seda, “Toca e foge”, a alegria em meados de Setembro.

Vou-me embora de ti,
Jogo de bola, berlinde partido, pião,
Plástico redondo, figurinha colorida, miniaturas, imaginação…

Vou-me embora de ti,
Consola em TV, CD’s e cassetes,
Herói que salvou o mundo até a tarde seguinte.

Vou-me embora de ti,
Os primeiros livros, cadernos, horários,
Primeiro teste, tabuada, pretéritos tão imperfeitos…

Vou-me embora de ti,
De braço ao peito para vos abraçar,
As escolhas, os olhares, os primeiros jogos de chorar.

Vou-me embora de ti,
Recordações, o toque, o amor,
Amo-te e nada mais, dá-me a tua mão…

Vou-me embora de ti,
Árvore de Santo Amaro, tudo o que se perde,
Eu voltarei para te rejuvenescer de sonhos, te prometo.

Vou-me embora de ti,
Regato em pousios de sensatez,
Saboreando ventos de luzes lá em fundo.

Vou-me embora de ti,
Luas mentirosas, noites pouco sérias,
Contos, metáforas, erros. O inesquecível!

Vou-me embora de ti,
Contactos de simpatia intragável,
Cumprimentos, a t-shirt e a ganga a condizer.

Porque me olho para trás?
Porque me lembro? Basta não esquecer.
Porque vos sinto? Basta não esquecer.

Vós memórias, quedas, barreiras,
Vós sois tudo o que vivi.
Vós me amarrais e soltais ao amor de viver.
Vós construístes a estrada.

Então, eu levei Bagagem e Amigos,
Enfiei no saco os orgulhos, os Fantasmas, as memórias,
Guardei fundo na alma que tenho,
Aqueles que se orgulham do que agora escrevo.

Amigo, não me digais adeus…

De Samuelson, Keynes e outros tratados debaixo do braço,
Perguntei ao Destino para onde me levavam os sonhos.
-Ao Futuro. Para ti, Ele é já ali,
É ali, adiante, e a depois, e além, além, além...
Convosco.


Pedro Carvalho 08/09/06
 
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At sábado, setembro 16, 2006 7:00:00 da tarde, Blogger Rodrigo Cordeiro Escapa

Não me digas adeus, diz-me até já, ou se preferires até sempre.