Feitos castelos densos,
Como que escurecendo o adeus solar,
Assim se prolongam até ser noite,
Nevoeiro e sombras entre a alma,
Salgada mas calma,
Estendida sem terminar.
Somos a corrente que suaviza o horizonte.
Levando para longe o indistinto traiçoeiro,
Vento gélido caminhante perpétuo,
Por cada sol que se vai inteiro.
De longe contemplamos quem somos,
Terra, céu e mar,
Pequenos fantasmas turvam um horizonte,
Mas nós sabemos porquê atravessar.
Navegamos a nossa alma salgada,
Conhecendo as correntes passadas que fomos.
Tocando o céu que nos cabe,
Só com a areia dócil que somos.
De areia feito o corpo,
Remexido pela alma em ondulação,
Beijar o céu é coisa certa,
Porque ficamos. As nuvens não.
Pedro Carvalho 18/12/06