sexta-feira, agosto 25, 2006, posted by Pedro Carvalho at 12:32 da tarde
Porque os Fantasmas nascem tantas vezes na viagem em cada curva inesperada. Porque esta musica cruza-se com o meu destino. Porque parece que o radio conhece os meus estados de alma e dispara isto a cada momento crucial. Ou porque sim, não interessa…


"Everybody's Changing"

You say you wander your own land
But when I think about it
I don't see how you can
You're aching, you're breaking
And I can see the pain in your eyes
Says everybody's changing
And I don't know why

So little time
Try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing
And I don't feel the same

You're gone from here
And soon you will disappear
Fading into beautiful light
Cause everybody's changing
And I don't feel right

So little time
Try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing
And I don't feel the same

So little time
Try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing
And I don't feel the same


Keane
 
segunda-feira, agosto 21, 2006, posted by Pedro Carvalho at 2:17 da tarde
Reencontrar-me comigo, reencontrar-me com eles, reencontrar-me com a minha história, ou parte dela, reencontrar-me com a Alma. Estou de regresso mas acima de tudo estou de reencontro. Todos estes textos agora afixados mostram este período fora e as suas vivências mais importantes. Com marcos importantes como o Bodo ou o dia 16 de Agosto, todos esses textos são acompanhados de outros em momentos isolados do calendário. Isolados mas muito importantes. Só os textos muito importantes para mim figuram aqui. E mesmo os mais importantes não são todos colocados, na verdade vou acumulando textos num dossier, dossier esse que durante estas férias engrossou significativamente, é que este período de afastamento foi mais físico que espiritual, permitindo-me um ritmo de escrita com uma cadência apreciável. Os Fantasmas do Passado estão de muito boa saúde no que toca a continuar cada vez “Mais Além”, cada vez mais “Ao mais alto nível”.
Por fim, devo ainda acrescentar que se seguirá um pequeno texto relacionado com um grande amigo que aqui merece distinção. É o fim da interrupção na emissão.
Fiquem bem
 
, posted by Pedro Carvalho at 2:09 da tarde
Pombal, 16 de Agosto 2005. Não interessa hora ou local preciso.
Hoje, Quiaios, 16 de Agosto de 2006.
Há um ano atrás. Há um ano atrás, num momento, nascia vazio e Alma. É por isso que hoje escrevo o texto tantas e tantas vezes esperado, medido, reflectido por mim. É o texto de 16 de Agosto. O dia mais fantasmagórico da minha ainda curta vida. Esperei e pensei este dia muitas vezes, imaginava-o sempre diferente, e em comum, teriam todas as minha suposições um ponto, este dia tinha de acabar com este texto, o texto de 16 de Agosto.
Há um ano atrás nascia vazio e Alma. Nascia “fim da linha”. Nascia “estrada”.O vazio que nasceu foi dentro de mim e naquilo que me rodeava. Tudo mudara pois já não houvera algo importante, que já quase me caracterizava por “habituação”. Vivia colado aquilo que todos viam como um dado adquirido. Deixou de o ser, fica sempre um vazio, preenchido por variadas histórias, percursos, rostos e visões. Tornei-me plural, a minha visão tornou-se plural. Senti sempre tremendo orgulho em tudo o que de pé estava, porque de pé ficou. Se cair um Mosteiro por tempestades e abalos loucos, numa aldeia não se chorará o altar perdido. O Mosteiro cai por vontade do santo que lá era adorado. Só as paredes caiem. Rezemos pelos alicerces que ficaram e nos dão identidade, sem que estes se tornem ruínas. Oremos então… Oremos que temos nova “estrada” e o Santuário da Vida merece peregrinação.
Faz hoje um ano, nascia Alma. Nascia o ethos dos Fantasmas do Passado. Se este meu último ano fosse vazio, não tinha sequer provado o sabor de “Ganhar terreno aos nossos fantasmas”, “Oliveiras de Vida”, “Que haja mais luz”, “A história dos Mais Além” e tantas outras palavras que desconhecia poder proferir. Nascia Alma nova em mim, pronta a fazer uma revolução de veludo à minha melancolia. Sem rejeitar os meus valores, nasceu algo dentro de mim. Sem nascer algo dentro de mim, e depois de tudo o que vivi, estaria isso sim, a rejeitar os valores a que sou fiel. Hoje é o texto ideal para eternizar a frase: “Não me arrependo de nenhuma letra, só me arrependo de vírgulas e pontos finais quando tinha ainda muito para vos dizer.”.
Há no entanto um esclarecimento que deve ser feito. É a 16 de Agosto que nasce a alma de um fantasma, mas são as suas atitudes posteriores e descoberta de atitudes anteriores, que lhe concedem matéria para se alimentar. A tinta escorreu com uma sinceridade e abertura de alma que só envergonhou e incomodou os mais falsos e os que vivem num “apagão”. Prefiro ser cego um dia a viver no escuro a vida inteira.
É interessante a minha relação com este dia. No inicio da escrita não saberia que tipo de texto poderia sair. Ao improviso, perco intenção e acutilância, mas mantenho a sinceridade e o entregar do que sinto ao papel onde escrevo.
Também o dia de hoje foi vivido nessa mesma liberdade. Por volta da meia-noite sentei-me a escrever, mas reparei que têm sido mais as palavras que me fazem a mim, que eu a dar nexo às mesmas. Tinha vivido um dia de enorme tédio, nada tinha vivido ou experienciado que me levasse a escrever. A condução lógica e suave por onde me levei guiou-me à leitura. As páginas amoleceram-me. Adormeci. Fiz um tremendo esforço para não me levantar na manhã seguinte. Alguém lá do céu que um agnóstico como eu não consegue apelidar despejava água a cântaros. Não caí na tentação de pensar que estava a viver um dia tremendamente infeliz e que até os deuses choravam por mim, optei pelo básico tomar de pequeno almoço e manutenção do efeito de “consciência adormecida” patrocinada e financiada pelas 11 horas de cama que precediam todo o meu dia até então. Durante a tarde vivi um episódio de reter, fruto da efeméride que vivia. Pela primeira vez ergui um papagaio de papel no ar, sobre a praia, tremendamente insuflado no seu ego de objecto por um vento forte e constante. Não obstante, o vento não era suficiente para levantar o papagaio sem que este se despenha-se e seguida. A vida de um homem é um papagaio de papel. Muitos vejo que se queixam da falta de vento, mas não raras vezes o problema é direcção e persistência. Durante este meu último ano, e depois de grande dano sofrido após queda aparatosa daquele artificio de voar (a minha vida), tenho experienciado duas coisas. Sei manejar muito melhor o papagaio porque sei onde se escondem os poços de ar, e sei que algum dia adormeço e torno a cair. Mas hoje erguido no céu, deu duas piroetas, estabilizou no cume do céu e da minha existência, curvei inúmeras vezes, fi-lo aterrar com a precisão de quem pegava no cordel pela primeira vez e sorri. A cada papagaio estão reservadas inúmeras viagens, em cada uma delas adquire-se controlo e sorrisos. Estou muito feliz, e ainda tenho a cama por fazer, não importa. Estou feliz com a projecção do meu papagaio, estou feliz com o nascer de “estrada”, com o nascer de Alma, estou feliz com muito do que fiz no último ano.
E agora a grande dúvida, a dúvida de muitos dias durante este ano. A dúvida de há um ano, de há seis meses, de há um mês, a dúvida de ontem, de hoje de manhã, a minha dúvida a cada dia que nascer enquanto viver em consciência.

-Pedro, hoje (logo hoje não é…) valeu a pena?
Sim valeu, e como me sabe bem descobrir tudo isto enquanto as palavras flúem num texto todo ele improvisado neste momento.
-Sim valeu, porque hoje, 16 de Agosto de 2006, eu ganhei aos meus fantasmas.
Fiquem bem
 
, posted by Pedro Carvalho at 1:52 da tarde
Que me querem ensinar?
Ensinem-me o que sou,
Ensinem-me o que quis ser,
O que devo ser,
O que devo querer ser.

Ensinem-me a não ter esperança,
Ou ensinem-me a realidade,
Ensinem-me os sonhos realizáveis.
Não! Desculpem tal atrevimento. Não!
Eu quero ser irrealizável,
Como a criança que não cresce.
Eu quero esses sonhos.
Eu quero acreditar.
Eu quero ter esse meu sustento.

Eles ensinam-me se estiver “errado”,
Eles ensinam-me a rotina,
Ensinem-me a ser igual,
Ensinem-me os camaleões,
Os vultos, o cosmético, as traições.
Ensinem-me a ter medo,
Ensinem-me a não valer a pena,
Ensinem-me algo.
Eles não têm nada para me ensinar.

Ensinem as vossas conquistas,
Os vossos postos,
Ensinem-me o seu preço,
E o vosso preço também.
Ensinem-me a vossa vida,
E a vossa servidão a essa morte lenta,
Por onde vivem, ensinem-me.
Ensinem-me o conformismo,
A usura e o poder.
Ensinem-me a ser gente,
Que é de gente aos molhos de cem,
O vosso capital e poder.
Eles não têm nada para me ensinar.

Então vem comigo, ou eu contigo.
Vem ser irreal comigo, ou eu contigo.
Vem dar o primeiro passo,
E tudo finda de seguida,
Só a tua marca fica,
E deixa pasto para outrem que não seja ovelha,
Que não queira ser gente sem saber,
Sem saber a responsabilidade que é ser gente!

Vem ser pouco gente,
Vem ser selvagem.
Porque deves a tua dignidade a ti mesmo,
A tua dignidade não é ordem ou preceito de ninguém.
Vem ser digno a ti, só a ti o deves.
Vem pensar por ti.
Que sejas velho sem nunca ter sido exemplo,
Os que te podem condecorar não são exemplo.
Vem e vê por ti,
Vê como se vê para além.
Vê o que pregam e prega por ti.

O poder não serás tu,
Mas não deixes que seja o que podem fazer por ti.


Pedro Carvalho, 12/08/06
 
, posted by Pedro Carvalho at 1:21 da tarde
Eis os dois textos escritos em pleno Bodo.

Primeiro dia

Ouvia à pouco entre os barulhos dos carros nos primeiros passos pelas minhas bandas “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida…”.
Parece estar lançado naquele momento o Bodo. O Bodo 2006 mas podia ser qualquer outro, porque num ano tudo muda, mas porque também todos os anos é a mesma música.
Só os cantores mudam a cada cantiga… Mas não interessa, porque aconteça o que acontecer, o bom filho à casa torna.
Vou desfazer as malas.

Pombal, 27 de Julho de 2006


Efeméride

A data de hoje é uma efeméride na minha vida. Mas uma efeméride particular. Abre um ciclo de recordações de acontecimentos de índole fantasmagórica. São três da tarde, estou a acordar e logo logo me lembrei de fantasmas, num Bodo que a um dia do fim se pode apelidar de fantástico por tudo o que aconteceu, um Bodo livre de questões, um Bodo sem amarras, um Bodo que nos momentos vazios teve a inteligência de não se questionar sobre nada. Todo o Bodo assim foi, até que agora me lembrei de um composto essencial a mim mesmo: a memória. Aquela mistura que explode no tubo de ensaio de uma vida a ganhar novas experiências. Hoje estou metal líquido e fluído, ou talvez gás inerte, ou talvez cansado sem me aperceber, ou talvez drogado com alguma excitação própria dos dias, escamoteando o cansaço por demais evidente a cada movimento.
Viva! - Gritaria eu. Passei todo este Bodo absolutamente vazio. Agora não. Algo me percorre e me faz acordar e escrever.
Apenas uma dúvida me percorre: talvez esta efeméride faça sentido para mais alguém. Talvez não. Lembrar é coisa de quem tem fantasmas que assombram por sentimentos presentes ou passados, variados, e pensar sobre a memória da forma doce como o fiz porque a respeito e procuro entende-la deve ser coisa minha e de poucos. Quem quer ter memória? Abençoados os que se orgulham da memória.
Aos que se assombram por incómodo, cobardia, osmose ou peso de consciência, as memórias são afinal de contas pesos e nada mais.

Pombal, 31 de Julho de 2006
 
, posted by Pedro Carvalho at 1:15 da tarde
À noite tenho saudades minhas,
Daquele eu que não procurava,
Era o que tinha, existindo por si só.

Hoje de noite converso comigo,
Converso comigo entre dentes,
Na vergonha de não saber o que procuro,
Entre as sombras que me escondem o luar.

Procuro a luz, a lua,
O brilho de cada noite,
Fusco e assombrado por recordações,
Cheias de antigos luares dourados.
Procuro o mesmo luar de sempre,
Porque se o homem for noite,
E a felicidade luar,
Que exista uma lua redonda a cada noite que passe.

Mas agora, é o agora em que adormeço,
Enleado de sombras (as memórias),
Tenho medo das trevas,
Enquanto busco a lua nova,
Por detrás de cada noite clara que passei.

Pedro Carvalho 03/08/06
 
sábado, agosto 05, 2006, posted by Pedro Carvalho at 8:02 da tarde
Num final de noite arejada pelo mar, um grande amigo tentava-me, de forma inconsciente, suscitar dúvidas quanto ás acções que tomo com reflexos do meu passado. A resposta saiu-me pronta.

”Não apago o passado, deixo que este se apague por si mesmo.”


Numa fugida estive em Pombal cerca de 24 horas. Muitas coisas tenho escrito e publicarei no meu definitivo e verdadeiro regresso, na verdadeira concepção da palavra. Por agora, fica algo do ínicio destas férias e que publico desde já. Estão prometidos os textos feitos durante a época "bodista" e dias seguintes.
 
quinta-feira, agosto 03, 2006, posted by Ricardo Mesquita at 1:28 da manhã
E lá passou mais um Bodo. E como é emocionante frequentar as festas da santa terrinha. Na manhã de quinta já se notava um cheiro a Bodo no ar (isso ou um cheiro a farturas, já que são cheiros que se confundem facilmente). Pombal estava caótico: o transito estava mais impossível que o costume; os passeios transbordavam pessoas para a estrada antevendo as típicas noites “bodistas”. Um verdadeiro êxodo rural. Mas para mim a tarde foi apenas de preparação para dias que aí vinham, com muito descanso e muito Omerta, já que tinha a perfeita consciência que estaria afastado dessa vida, pelo menos, até terça.
Já mais à noite a procissão das velas dava o pontapé de saída oficial para o Bodo 2006, enquanto o Benfica levava um banho de bola do Sporting. E enquanto (por motivos de força maior) o corpo andava por entre a procissão, a mente já imaginava as cervejas que mais tarde viriam a escorrer pela garganta. E escorreram, aliás assim que a procissão terminou juntei-me ao “grupo” naquela que viria a ser a nossa casa durante as festividades: o bar dos motards. Foi um momento de reencontro pois o “grupo” andava afastado há uns dias, o que não iria acontecer durante o Bodo, já que praticamente não nos separámos. Foi ainda na primeira incursão pelo bar dos motards que se deu o primeiro contacto visual com Fantasmas do Passado. Também estes andavam afastados, e também estes estiveram sempre por lá, ainda que, felizmente, mais distantes. No que toca ao verdadeiro Bodo a noite foi fraquinha. As bandas não tinham público e o pouco que lá estava parecia demasiado exigente. Quem viu aquela “noite da juventude” é bem capaz de ter temido pelo futuro do Bodo. Felizmente as noites seguintes provaram que o Bodo é tão imprescindível a Pombal, como o Rui Costa ao meio campo benfiquista. Mas voltando à noite de quinta, esta acabaria onde têm vindo a acabar as noites de quinta: na Várzea. Local de encontro, conversa, reflexão e caça dos Mais Além.
Na sexta-feira acordei tarde. Estava a gerir esforços, já que facilmente se adivinhava a “dureza” das restantes noites. A chegada da minha irmã a Pombal trazia carro, o que é sempre uma ajuda para poupar as pernas. As festividades de sexta começariam na holding, outro antro dos Mais Além. Por entre cartadas, guitarradas escorregaram as primeiras cervejas. Foi ainda na holding que o destino voltava a brincar com a, cada vez mais mítica, música dos Pink Floyd. O destino gosta de jogar com os Fantasmas, mas existem lugares em que nem a presença física dos mesmos nos incomoda. Começava aí uma indiferença mútua que se prolongaria até ao fim. Até agora.
A noite voltava a levar-nos ao bar dos motards. Pelo meio, o concerto do David Fonseca remexia sentimentos: recordaram-se momentos, lembraram-se pessoas, cumpriu-se o estipulado por mim mesmo. Era a força dos Mais Além a mostrar-se, numa noite onde até fantasmas inferiores tentaram interferir. Sem sucesso. Os Mais Além pegam os touros pelos cornos. Mais tarde, e depois de mais uns quantos cigarros e de umas quantas cervejas a noite viria a terminar no sitio do costume. A seguir vinha a noite de sábado, aquela que à partida seria a mais renhida, e para a qual me esforcei para recuperar a forma outrora perdida.
Sábado surgiu com um assunto sério que viria a ocupar a tarde inteira, pelo que o reencontro com o Bodo e com o grupo apenas se deu pouco antes do concerto dos Da Weasel. Aí sim, estivemos todos. A única noite em que o “grupo” esteve completo. E até o último dos Mais Além estava presente. Esclareci de imediato que a noite de sábado corresponderia às expectativas. Da Weasel até começou com “força” mas o facto de já os ter visto várias vezes e de ter uma garrafa de Gin fez-me estar mais calmo. Só lá para o fim é que embarquei nas loucuras dos concertos, mas sempre com o Gin bem agarrado, principalmente quando este sobrevoou umas quantas cabeças duvidosas. Com o final do concerto fomos para casa, digo para o bar dos motards. Já mais tarde e para mudar um pouco de ares passamos pelo Nicola onde as coisas já começavam a ficar sérias. Continuámos a ficar mais sérios, enquanto fazíamos os típicos passeios de Bodo entre a tenda e o arnado. Até que rumamos ao nosso antro espiritual, onde se criaria a mais espectacular história do Bodo: Os 5 Metros Arbustos. Prometo mais tarde postar aqui material vídeo que vos explicará a coisa, já que não consigo transmitir aqueles momentos em palavras. O que posso dizer é que surgiram algumas lesões e alguns cortes, uns mais graves que outros. Devido a isso mesmo a noite ficou mais lenta, já que a velocidade tinha de ser especialmente moderada. Já num momento de algumas recaídas, voltaram a aparecer Fantasmas. Admito que chatearam, mas não o suficiente para comprometer a noite para a qual recuperei a minha forma. Noite que iria terminar em casa de um Mais Além com um belo copo de Gin.
A “manhã” de domingo viria confirmar as mossas da noite de sábado. É certo que o facto de ter dormido no chão não tinha ajudado, mas a fatiga muscular tinha claramente uma origem herbácea. Mas para loucura das loucuras mesmo depois de regressar a casa, o chão continuou a ser a minha cama. O final da tarde, depois da recuperação possível, trouxe Carlsbergs que apesar de uma estranha apatia inicial acabariam por ser bastante bem vindas. A tarde traria ainda uma magnífica visão, digna de ser fantasma, mas que não cumpria os requisitos mínimos. A noite confirmaria o bar dos motards como nossa casa, já que para os ranchos folclóricos foram facilmente trocados pela cerveja barata (e muitas vezes à borla). Sentados nas cadeiras que já eram “nossas” conversámos sobre tudo e sobre nada. Os copos acumulavam-se fazendo uma bonita torre da qual nos orgulhávamos. A facilidade com que surgiam amizades confundia-se com a facilidade com que a cerveja nos vinha parar à mão. Ninguém se queixou, pelo menos directamente. Por fim juntou-se um Grande, e a noite ficou maior. Pelo meio os Fantasmas ainda chatearam mais um pouco, mas o antídoto vinha sempre parar-me às mãos. A madrugada foi de troca de experiências, de conversas saudáveis, de uma compatibilidade difícil de encontrar nos dias que correm. A manhã acabaria por surgir, como também surgiu a fome. Só depois veio o merecido descanso, quando já pensávamos na efemeridade do Bodo.
Quando acordei a manhã já era praticamente tarde, mas o sono manteve-se. A tarde foi para recuperação já que uma aula de condução marcada para as 18:00 pedia uma sobriedade estranha para um dia de Bodo. A noite surgiu rapidamente. Ao “grupo” juntaram-se mais uns quantos, sempre bem vindos. Em noite de despedida as ofertas surgiam a uma velocidade vertiginosa. Voltamos a ocupar as “nossas” cadeiras e as nossas mesas. O factor cansaço fazia com que a tenda não fosse sequer considerada. Pelo menos até nos mandarem embora. Os Fantasmas ainda apareceram uma última vez, mas a indiferença e a frieza gerada na sexta manteve-se até ao fim e a noite continuou. Os brindes sucederam-se, as pevides foram devoradas e as horas passaram-se. Viveu-se a última noite até que as forças nos abandonaram de vez. Acabava o Bodo 2006: O Bodo dos Mais Além…
 
quarta-feira, agosto 02, 2006, posted by Ricardo Mesquita at 11:10 da tarde
...Redescoberto no Bodo.